segunda-feira, 31 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Música Infantil

Vendo os carros fazendo fila aqui na rua onde moro me veio à cabeça essa música. Melhor anotar, antes que eu me esqueça.

"Se essa rua,
se essa rua fosse minha
eu mandava,
eu mandava ladrilhar
com pedrinhas,
com pedrinhas de brihantes
só para ver a ciclista passar."

Essa é a ciclista eu quero ver passar. Você mesma, Pri.

sábado, 8 de outubro de 2011

Interações sobre duas rodas

Mesmo sendo um cara reservado, tem sido inevitável interagir com as pessoas da cidade quando ando de bicicleta por aí. Quanto mais ando, mais gente fala sobre a bike. Alguns falam comigo, e outros falam sozinhos mesmo. A maioria gosta, e alguns covardes se sentem ofendidos e tentam me intimidar. Mal sabem que sou louco e que eles que deveriam ter medo, hahaha.

Os porteiros aqui do condomínio em sua maioria apoiam. Acho que sou o único em 200 apartamentos que usa a bicicleta como transporte (ao menos nunca vi ninguém sair ou entrar aqui de bike pela entrada de veículos, como eu faço). Todos eles são muito simpáticos e prestativos. Nessa semana o Tiagão, que estuda comigo e mora aqui perto, se ofereceu para levar minha mochila no carro dele e deixar na portaria, para que eu chegasse na bicicleta mais leve. Foi um sucesso. Obrigado Tiagão! Obrigado porteiros!

Só houve uma única vez que tive problemas, e nem foi um problema tão grande assim. Eu queria entrar pela entrada de veículos como sempre faço, pois é mais prático e rápido. O porteiro era novo e não me conhecia, e não entendeu (ou não quis entender) o que eu estava fazendo parado ali em frente ao portão, tão pequeno e frágil. Tive que pedir com alguma insistência pelo interfone para que ele abrisse, e ainda ouvir em troca "cuidado com o carro aí!". Porra, eu sempre tomo cuidado com os carros. Por isso eu estou vivo e bem!

Entre os frentistas nos postos de gasolina que...*Pausa para uma super buzinada aqui na rua. Quando esses tolos vão aprender?*...Então, quando vou encher o pneu da bicicleta nos postos de combustível, geralmente os trabalhadores me olham meio desconfiados, meio assustados. É algo diferente para eles. Talvez achem que vou fazê-los perder o emprego. Uma grande bobagem, já que lá tem loja de conveniência e nela eles vendem água. Já os motoristas, me olham com indiferença, ou então com alegria mesmo.

Falando em olhares de alegria, já repararam na cara dos mais velhos quando passamos de bicicleta por eles? Dá quase para imaginar as milhares de cenas surgindo da memória deles. Os trabalhadores antigos indo para a fábrica de bicicleta nas ruas de terra. As brincadeiras de criança, os tombos, as namoradas/os. Um único objeto esquecido no tempo, que volta das sombras para lembrá-los de uma cidade que não existe mais. Uma cidade mais humana e pacífica. E nossa luta é para trazê-la de volta, mais moderna e rica do que nunca.

E as crianças então? Nunca vi uma criança me recriminar por ser adulto e usar a bicicleta. Se essas existem, devem ter medo de falar alguma coisa, hahaha. Que maravilha ver os olhos delas se iluminando ao descobrir uma nova utilidade para algo que viam apenas como brinquedo. Outro dia eu estava pedalando de roupa social e mochila e um garoto brincava com sua bola. Ao me ver passando ligeiro ele parou, pegou a bola na mão e ficou paralisado, admirando a cena. Só conseguiu dizer "Que legal!" e sorrir. Ganhei meu dia.

E os sérios senhores de terno, que em sua maioria me olham com desprezo por quebrar a suposta ordem social em que tanto acreditam, às vezes me surpreendem também. Alguns usam seus carros tão bonitos e potentes para me proteger no trânsito. Imaginem só, um carro que chega a 200 km/h andando a 15 apenas para não ameaçar um frágil ciclista, motivado simplesmente por pura solidariedade humana. Isso é raro, mas acontece.

São milhares de pequenos momentos, que tornam o ato de pedalar como transporte tão enriquecedor, mesmo sendo simples. Para quem nunca tentou, recomendo. Para quem sabe do que estou falando, peço que contribua comentando sobre suas próprias interações inesperadas.