sexta-feira, 17 de junho de 2011

O ciclista invisível

O texto abaixo é uma tradução livre de um livro muito bom sobre ciclismo urbano chamado "The Art of Cycling"(A Arte do Ciclismo), do autor Robert Hurst. Esse cara trabalhava como mensageiro de bike nos Estados Unidos e tem muitas dicas boas sobre como pedalar com alegria e segurança(algumas bastante bem humoradas). O que mais me interessou nesse livro foi o fato de que a situação do ciclismo urbano por lá é bem semelhante à nossa, então as sugestões do Hurst serviram como uma luva para minhas curtas viagens. Espero que gostem.

"The Invisible Cyclist (O ciclista invisível)

Bem no meio da faixa, o ciclista pode se tornar mais visível para os outros, especialmente motoristas nos cruzamentos, pedestres, e motoristas do sentido contrário se preparando para uma curva à esquerda. Pode é a palavra-chave aqui.

A luta dos ciclistas por visibilidade tem sido um esforço longo e nobre. O problema é, não tem funcionado. Não importa quantos enfeites e ornamentação prendamos a nós mesmos, não importa quantos faróis piscantes a gente amarre na traseira, não importa qual grau nunca antes visto de insanidade neon consigamos ultrapassar nas nossas malucas escolhas, alguns motoristas continuam a olhar diretamente através de nós, como se fôssemos - isso mesmo - invisíveis.

Às vezes é assim que eu me sinto. Mas até que é bom, pelo menos não me arrisco tanto.


O sonho da visibilidade é como a doce sirene de uma ambulância que, eventualmente, podemos ouvir. Não que visibilidade seja uma coisa ruim, perceba; todos nós adoramos visibilidade. Apenas a atitude de fé na visibilidade põe o condutor da bicicleta num terreno escorregadio a caminho da condescêndencia, o que é um lugar muito perigoso para um ciclista dar um passeio. Se proteja da assustadora certeza de que uma posição mais destacada vai realmente te fazer mais visível pra todos os motoristas. Vá em frente e tome medidas para aumentar sua visibilidade - a roupa laranja, os pisca-piscas, et cetera - apenas não se iluda pensando que essas medidas vão sempre funcionar. É melhor assumir persistentemente que você não foi visto até que seja absolutamente óbvio que você foi percebido.*

Os ciclistas muitas vezes não são vistos, não importa como ou onde eles pedalem. Nós devemos aceitar isso como uma realidade, e agir a partir daí. Devemos lidar com a realidade como ela é, não como gostaríamos que fosse.



*Essa persistência pode ser temperada um pouquinho com respeito pelos veículos que nos ultrapassam. Os motoristas ultrapassando um ciclista são os que mais provavelmente o vêem, porque geralmente estão olhando para frente na direção do ciclista e têm mais tempo para percebê-lo(a). Por esse motivo, o condutor da bicicleta pode normalmente manter um justo espaço de segurança na direita mesmo que o veículo maior venha por trás. Mudar a posição para a direita nessas situações de ultrapassagem é normalmente mais uma questão de cortesia do que uma questão prática de segurança. Motoristas cruzando o caminho do ciclista são muito menos passíveis de notar o ciclista. Esse padrão é refletido nas estatísticas de acidentes. Já os pedestres confiam intensamente em sua audição e são propensos a sair da calçada para ruas silenciosas, na frente dos ciclistas, sem olhar antes. O fenômeno dos pedestres que não olham é uma das melhores razões para manter um gordo espaço de segurança à direita."

Espero que tenha ajudado. Tenho planos de traduzir o livro inteiro e disponibilizar aqui no blog.
Boas pedaladas!

Um comentário:

Obrigado pelo comentário!